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terça-feira, 12 de março de 2013

Encontro médico sobre talassoterapia juntou cerca de 70 profissionais na Nazaré

 
«Os séculos têm demonstrado que há benefício no uso das águas». A afirmação é de Frederico Teixeira, professor catedrático jubilado de Terapêutica Geral da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e especialista em Hidrologia Médica, no decurso do 1º Encontro Médico Barra Talasso, que se realizou este fim-de-semana, no Hotel Miramar Sul, na Nazaré.
Perante uma audiência de cerca de 70 médicos da região, o também Presidente da Comissão de Avaliação Técnica dos Estabelecimentos Termais da Direcção Geral de Saúde discordou daqueles que apontam falta de evidência científica relativamente aos benefícios do termalismo e da talassoterapia. «A melhor evidência são os resultados que os utentes sentem após uma cura termal ou de talassoterapia», salientou Frederico Teixeira, lembrando que a própria indústria farmacêutica «está a regressar à natureza».
O especialista foi um dos participantes no fórum dedicado à análise da talassoterapia em Portugal, inserido no evento organizado pela empresa Barra Talasso e pela Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica e Climatologia (SPHMC), com o objetivo de dar a conhecer à comunidade médica da região as principais indicações da aplicação da água do mar, bem como o Centro de Talassoterapia da Nazaré.
Para Pedro Cantista, médico fisiatra e diretor clínico da Barra Talasso, a talassoterapia deve ser encarada em Portugal como «uma oferta de saúde de excelência», para prevenção e controlo de diversas patologias, «num contexto holístico que deve levar em consideração fatores como o exercício físico controlado e a reeducação alimentar», entre outros.
O também presidente da SPHMC apresentou a definição de talassoterapia como «o método terapêutico que utiliza, sob supervisão médica, a água do mar e outros recursos marinhos (nomeadamente a areia, os lodos, as lamas, as algas, as anémonas, os corais), bem como o clima marítimo, como meios de prevenção, tratamento e reabilitação de doenças e disfunções, ou como agente de promoção de saúde, bem estar, lazer ou qualidade de vida».
Segundo Pedro Cantista, estudos científicos demonstram que, em determinadas condições de temperatura e humidade, a pele humana constitui um meio de troca entre a água do mar e o plasma sanguíneo, introduzindo no organismo iões e oligoelementos essenciais. A ação da mudança térmica, a massagem contínua provocada pelo movimento da água e o ar puro e saudável do meio marinho favorecem a absorção dos minerais pelos poros da pele, alcançando assim efeitos benéficos para a saúde.
As principais indicações da talassorerapia prendem-se com o combate às doenças osteo-articulares, patologias das vias respiratórias superiores, alergias e doenças da pele, problemas vasculares, obesidade e sintomas associados ao stress, fadiga, ansiedade e depressão.
Coube a Ana Paula Branco, otorrinolaringologista no Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, fazer uma apresentação de carácter mais detalhado sobre os benefícios da aplicação da água do mar e do meio marinho em doenças das vias respiratórias. Segundo esta especialista, «as inalações e lavagens nasais com água do mar são técnicas terapêuticas com capacidade para alterar ciclos viciosos patológicos» e «coadjuvantes de um bom resultado cirúrgico». Além disso, Ana Paula Branco não tem dúvidas sobre os benefícios da hidrologia em geral, e da talassoterapia em particular, ao nível do psiquismo do utente. Uma ideia partilhada por António Santos Silva, diretor termal do Hotel H2O, para quem a diminuição dos episódios de manifestação aguda de uma patologia e a sensação de bem-estar geral contribuem para o aumento da qualidade de vida e, consequentemente, para a redução de aspetos como o consumo medicamentoso ou o absentismo laboral.
Na opinião de Santos Silva, as unidades de turismo de saúde e bem estar devem estabelecer uma relação de proximidade com as comunidades onde estão inseridas, desenvolvendo programas de carácter social.

Durante a tarde, interveio também Paulo Diegues, da Direcção Geral de Saúde, que salientou o facto de, em Portugal, a talassoterapia ser um produto mais ligado ao sector turístico do que à saúde, e ainda por regulamentar. «Já se começou a partir pedra e a elaborar um esboço de uma proposta legislativa neste domínio, aproximada da regulamentação que existe para o termalismo», declarou Paulo Diegues.
O representante da Direção Geral de Saúde lançou ainda o desafio de destacar a importância da talassoterapia enquanto produto de turismo de saúde e bem estar, no âmbito da Estratégia Nacional para o Mar, um documento que se encontra atualmente em discussão pública.
O 1º Encontro Médico Barra Talasso incluiu ainda uma visita às instalações do Centro de Talassoterapia da Nazaré e um jantar de confraternização.

 

 

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