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quinta-feira, 29 de março de 2012

Nazaré acolheu debate inédito sobre talassoterapia

 
O potencial de Portugal para o desenvolvimento da talassoterapia, como «oportunidade para captar os mercados orientados para a saúde», e a necessidade de «dar enquadramento legislativo e regulador à atividade talassoterápica» no nosso país, foram algumas das principais conclusões do seminário internacional “Turismo de Saúde na Nazaré: dos Banhos Quentes à Talassoterapia”. O evento, organizado pela Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal (CNCTP) e pela empresa Barra Talasso, com o apoio da autarquia local, reuniu no passado dia 24 de março, na Nazaré, um vasto conjunto de especialistas nas áreas do património, ciência, saúde e turismo.
Durante o dia, passaram pela mesa personalidades como Pedro Cantista, presidente da Sociedade Portuguesa de Hidrologia Médica; Teresa Vieira, presidente da Associação das Termas de Portugal; Fernando Ribeiro e Castro, presidente do Fórum Empresarial da Economia do Mar; Teresa Pacheco, presidente da Associação Ibérica de Termalismo e Bem-Estar e diretora da revista espanhola “Tribuna Termal”; João Pinto Barbosa, representante de Portugal na European SPA Association; e Frederico Teixeira, presidente da Comissão de Avaliação Técnica da Direção Geral de Saúde, entre muitos outros especialistas.
Da síntese dos trabalhos, apresentada pelo presidente da Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal, Jorge Mangorrinha, ressalta a vocação de Portugal como «o litoral da Europa», «potenciando as suas relações estreitas com o mar e que estas beneficiem economicamente todo o país». Neste cenário, e no «contexto da saúde e respetivo interface com o turismo», a talassoterapia deve «enquadrar uma proposta compósita e diferenciadora de destino turístico, em articulação com os agentes locais e regionais, numa lógica de modelo de desenvolvimento sustentável».
Foi ainda realçada a importância da construção do centro de talassoterapia na Nazaré, que «regenera uma atividade local antiga – os Banhos Quentes» e que poderá afirmar-se como «referência para outros centros no país».
O seminário, que encheu o auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré, integrou o calendário oficial das celebrações do Centenário do Turismo em Portugal. O presidente da CNCTP destacou a «importância estratégica» da realização deste evento, que considerou ser «um debate inédito» em torno da talassoterapia.
Segundo Jorge Mangorrinha, as comemorações do Centenário do Turismo em Portugal procuraram «ter uma visão sobre o futuro do turismo e, em particular, uma visão sobre alguns segmentos mais inovadores para o país, tal como o turismo de saúde e bem-estar e, no caso particular deste seminário, a talassoterapia».
Jorge Mangorrinha referiu ainda a ancestral ligação da Nazaré ao mar e realçou a «atitude empreendedora do Grupo Miramar na construção do mais moderno centro de talassoterapia do país», considerando que «o turismo terapêutico em Portugal sairá reforçado com este novo investimento».
O presidente da Câmara Municipal evocou os Banhos Quentes Salgados para lembrar que «já há muito tempo havia talassoterapia na Nazaré» e, por isso, «a Nazaré sempre esteve na linha da frente da inovação». Segundo Jorge Barroso, «a nossa função de hoje é respeitar a tradição e continuar a inovar, incutindo tudo aquilo que entretanto a ciência e o conhecimento nos foi dando».
O autarca salientou ainda a necessidade da economia do mar saltar do discurso político para uma estratégia efetiva de apoio ao desenvolvimento económico «que tenha em atenção as questões ambientais».
Também Serafim Silva, administrador da empresa Barra Talasso e do Grupo Miramar, lembrou a importância da economia do mar, considerada como desígnio nacional pelos mais altos organismos do Estado, referindo que Portugal tem os recursos necessários, bastando apenas «inovar e qualificar» para gerar riqueza.
Para o empresário, a construção do centro de talassoterapia da Nazaré, que recupera a tradição dos antigos Banhos Quentes e beneficia de uma localização privilegiada junto à praia, a partir de uma concessão do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, pretende ser «não só um projeto de desenvolvimento para a Nazaré e para a região, mas também rampa de lançamento de outros projetos similares a nível nacional».
Serafim Silva defendeu também a urgência de se criar legislação «defensora da localização dos empreendimentos, por forma a credibilizar os mesmos cá dentro e lá fora», contribuindo para «transformar Portugal num destino de saúde e bem-estar».
Um objetivo a que se alia o novo projeto do Grupo Miramar – o Miramar Residence, uma residência assistida a apresentar em breve. Em articulação com o centro de talassoterapia, e partindo da oferta deste equipamento de saúde, o projeto pretende para transformar a região Centro num local aprazível para fixar cidadãos estrangeiros no seu período pós vida ativa. Uma ligação que Serafim Silva afirmou desejar que outros empresários seguissem.
Os trabalhos do seminário ficaram ainda marcados pela apresentação de um documentário com testemunhos de dois antigos funcionários dos Banhos Quentes da Nazaré, Lúcia Meco e José Maria dos Santos. A sua descrição sobre o funcionamento dos dois estabelecimentos de banhos quentes salgados que existiram na Nazaré durante um século (entre 1883 e o início da década de 80 do séc. XX) e a ação terapêutica que a aplicação da água do mar tinha sobre os utilizadores arrancou o aplauso de toda a plateia, rendida à genuinidade dos testemunhos.
O seminário incluiu ainda uma visita às futuras instalações da Barra Talasso – Centro de Talassoterapia da Nazaré, em fase de construção e cuja abertura se prevê para este Verão.
Participaram neste evento mais de uma centena de pessoas, muitas das quais naturais da Nazaré e ligadas ao alojamento local.

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